Previdência imprevidente: o engodo

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Isto não é um alarme falso: estamos indo para o abismo junto com o governo.

Para evitar confusões, vamos começar com uma definição do termo:

Previdência

s.f. Condição daquilo que é previdente, que prevê ou busca evitar previamente transtornos: medidas de previdência.
Conjectura; premonição do futuro: a previdência não falha.
Capacidade de ver de maneira prévia ou antecipada.
(Etm. do latim: praevidentia.ae)

São sinônimos de previdência: precaução, presciência, prudência e sensatez… Irônico, não é mesmo?

Claro que a acepção no caso que nos interessa mais, é ligeiramente diferente, mas a etimologia é a mesma e o sentido também. 

Talvez você já tenha ouvido alguém levantar esse tema nas últimas semanas, mas o fato é que tenho ouvido muita bobagem também e pouca gente explicando o problema.

O fato mesmo é que, embora não espere isso do governo atual, minha pressa para que ele caia logo, abrindo passagem para um novo, no qual possamos ter alguma esperança, tem relação com essa urgência. Precisamos discutir essa questão.

Regimes de Previdência, um problema previsível

Essencialmente existem dois regimes de previdência no mundo: contributivos e distributivos.

De forma muito simplificada, o primeiro sistema é formado a partir da capitalização das contribuições do beneficiário para garantir sua aposentadoria e o segundo, adotado pelo Brasil, é também conhecido como “solidário” e divide entre os contribuintes os custos do pagamento dos beneficiários do sistema.

Não é um sonho? Todos os trabalhadores dando o seu quinhão para que os aposentados e pensionistas possam ter uma vida digna.

Isso faria com que Karl Marx tenha orgasmos na tumba, não fosse um pequeno detalhe: com o aumento da expectativa de vida, cada vez temos mais pensionistas sendo remunerados por cada vez mais tempo.

Os trabalhadores, por outro lado, não crescem na mesma proporção, o que quer dizer que uma parcela cada vez maior da receita dos trabalhadores deve ser aplicada para fazer frente aos valores crescentes das aposentadorias e pensões.

Isso, por si, já demonstra o problema, mas como no Brasil os problemas sempre são maiores do que se observa, nossos congressistas sempre tão zelosos e pródigos com o dinheiro alheio, ampliam sem qualquer preocupação os beneficiários e os benefícios do sistema.

Mas não é só isso!

Calma, além do fato de que o Brasil deve ser o único país no mundo que não tem limite mínimo para requerer a aposentadoria, ainda por cima existem alguns “regimes especiais”, dentre os quais estão os dos congressistas e, claro, dos servidores públicos, inclusive os do judiciário.

Esta imagem é real e eu acabo de copiá-la do site

Não acredite no que eu estou falando. Clique na imagem e vá até o site, lembrando de procurar a competência ABRIL/2015.

Acredito que seja tudo legal, claro, senão os senhores desembargadores não aceitariam tais valores, mas será que você concordaria em pagar por essas pensões se tivesse alternativa? 

Vamos lá: as projeções (previsões) indicam que, se mantido o ritmo de crescimento, em poucos anos a folha de inativos custará algo como 28% do total da massa de salários dos trabalhadores na ativa.

Trocando em miúdos, até 2018 quase um terço do salário de cada trabalhador deverá ser destinado à aposentadoria dos que não estiverem mais produzindo.

Ah, sim, neste valor não está incluído o valor dos impostos nem dos pixulecos.

Não tenho nada contra aposentados e eu mesmo estou mais próximo da velhice do que da juventude, mas, não posso aceitar que ainda acreditemos nesse engodo.

Alguém, por favor, toque o despertador dessa gente!

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