O fim da “Governanta e sua Trupetralha”

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Respeitável público: venha pagar para ser enganado outra vez! 

No fundo, todos gostamos de ser enganados. Não é por outra razão que os mágicos fazem tanto sucesso entre nós.

Sempre sabemos que tudo o que se desenrola diante de nossos olhos é um arranjo para nos iludir, mas ainda assim, maravilhamo-nos com a habilidade do artista e, dependendo da complexidade do truque, duvidamos da possibilidade de que tudo não passe de um engôdo. É mais fácil acreditar na existência de poderes sobrenaturais do que na nossa incompreensão. 

O ilusionista é desafiador porque expressamente declara que vai nos iludir e isso nos desafia.

Governos em geral tendem a se comportar como prestidigitadores: diante de uma platéia pronta a ser ludibriada, executam suas bem ensaiadas coreografias, arrancando aplausos da maioria que se sente feliz por mais um momento de ilusão.

Mas a “Governanta e sua Trupetralha” passaram dos limites há muito tempo e é óbvio que seus truques já não enganam a maioria da população. As cortinas mofadas estão rasgadas e nos permitem entrever as movimentações de objetos que deveriam estar ocultos, permitindo até aos mais néscios entenderem o que se passa nos bastidores.

O que vimos no Brasil na semana que se encerra foi um “pastelão”, com personagens tropeçando uns nos outros, rasgando figurinos e cenário para, no final ouvirmos da “protagonista” que nada será mudado, mas vai melhorar.

Como platéia educada, não levamos ovos podres para serem atirados e os próprios atores se encarregaram de sujar-se entre si com tortas dos mais variados sabores e cores.

Por enquanto ainda voltamos para nossos afazeres, garantindo o pagamento do próximo ingresso, mas muitos já se perguntam, afinal, para que é que vou assistir outra vez se já conheço o script, conheço os truques e nem engraçados os personagens são?

A reclamação ao final foi tão grande que até a Governanta, encarnando o Rei, resolveu dizer que “daqui pra frente tudo vai ser diferente”, mas ninguém mais acredita e os demais atores se posicionam para empurrá-la para o fosso de onde nunca deveria ter saído.

Alguns argumentam que trocar os atores, não melhora a qualidade do espetáculo, mas pode, pelo menos, aumentar a frequência e, com ela, eventualmente mudar o roteiro. Do contrário, o jeito será procurar outros palcos menos fétidos.

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