Estive analisando as medidas propostas pela equipe econômica ontem e, mais do que isso, pensando nas razões pelas quais o tema não foi alvo de longas matérias da dita imprensa especializada.
A única coisa que posso imaginar é que a coerência não dá IBOPE.
Vivo dizendo que além do governo, o empresário brasileiro também é ruim demais e é exatamente isso o que estamos vendo neste momento.
O sujeito não sabe se é favorável à livre iniciativa ou ao capitalismo de Estado. Defende o protecionismo quando lhe convém, e a liberdade, quando não consegue acessar algum mercado de interesse. Não quer pagar imposto, mas exige que o Estado ofereça infraestrutura para que sua produção seja convenientemente distribuída a preços módicos, de preferência com subsídios.
Nos tempos felizmente idos dos “governos mágicos” o anúncio de ontem estaria provavelmente recheado de polpudos incentivos fiscais ou linhas especiais de financiamento do BNDES, que fariam a alegria da imprensa, consultores e lobistas, todos tentando adivinhar um novo futuro onde o país abandonaria o berço esplêndido. Tudo bobagem.
Nunca houve almoço de graça e, o pior, quanto mais postergamos o pagamento do almoço, mais caro ele fica.
As propostas de ontem não foram realmente impressionantes, não têm a pretensão de solucionar todos os problemas, mas têm um componente essencial: estão no rumo certo.
O primeiro tema atacado foi a situação imediata das empresas, então, as possibilidades de pagamento dos tributos em parcelas ou utilizando créditos, definitivamente atinge esse espectro.
O segundo, diz respeito ao custo que a atividade produtiva tem neste país já nem tão varonil. Ao atacar questões como juros reais (não os da SELIC e que a imprensa tanto alardeia), as medidas demonstram que – ufa – o governo parece saber que precisa atuar na geração de riqueza real e distribuída, em vez de ficar ajudando um ou outro amigo do amigo.
Definitivamente as medidas não vão ser suficientes para nos colocar nos trilhos de novo, mas parecem indicar bons rumos.