Antifragilidade pela internacionalização

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Como desenvolver a resiliência estratégica (não-auto-ajuda)

Se você não acaba de acordar de um estado de coma de vários anos, já deve haver percebido que o que chamávamos de “normal”, praticamente deixou de existir há muito tempo. E olha que nem precisa ser antigo como eu para ter essa sensação.

Este texto não tem a menor pretensão de ser categorizado como autoajuda, então não espere ler frases motivacionais porque é exatamente o contrário disso que eu pretendo: quero provocá-lo a pensar e a se posicionar de forma responsável diante do inevitável caos que enfrentamos e que enfrentaremos.

Primeiro, “antifrágil” é um termo cunhado pelo escritor, ensaísta, estatístico e investidor libanês-americano Nassim Nicholas Taleb, de quem recomendo vários livros muito bons e divertidos. “Antifrágil” é a característica daquilo que se fortalece diante de condições desfavoráveis.

Para entender mais fácil, imagine uma taça de cristal que se fortalece e fica mais brilhante à medida que cai da sua mão a ponto de poder (depois de várias quedas provocadas pelo consumo de várias garrafas de vinho) ser usada para tirar a tampa da garrafa da cerveja do seu amigo.

A arrogância de acreditar que se sabe tudo

Eu conheço muita gente que se prepara para resistir a qualquer turbulência, mas esquece que existem forças sub-reptícias e que estão fora de nosso radar e de nossa governabilidade. São tão arrogantes que pensam que controlam tudo e que têm as variáveis sob seu controle.

Algumas pessoas acreditam (ou não) na política econômica declarada pelo governo e mantém todos os seus investimentos e atividades no país, pensando estar seguras porque “diversificam” ações de diferentes setores, em títulos públicos, em renda fixa, em FII. Ora, se está tudo atrelado ao mesmo governo e às mesmas variáveis macroeconômicas, onde está a diversificação?

Entenda que não se trata deste ou daquele governo, mas de se manter sob o jugo das leis ou interpretações de um só país.

O fato de você ter nascido aqui, não significa que não possa – ou não deva – posicionar-se em outros países. Assim mesmo, no plural.

Os exemplos de desrespeito às leis pelas mais altas autoridades locais são abundantes e, honestamente, já deu para perceber que não temos muito a fazer além de buscar a proteção possível, além das “longas mãos do Estado”.

Existem alternativas. Basta estar atento!

Vamos brincar de faz-de-conta e fingir que existe um país vizinho com condições muito especiais para receber investimentos, uma legislação simples, estruturas desburocratizadas, uma das moedas mais estáveis do mundo, baixo custo de vida, ritmo de crescimento muito alto, entre os maiores do mundo, impostos baixos e que, para ajudar, faz parte do mesmo bloco econômico do Brasil.

Você admitiria pensar em investir nesse “país fictício”? Se não se sente atraído, você é presa fácil, frágil e praticamente sem alternativa, mas vamos admitir que você ficou tentado a mover-se de sua cadeira confortável e descobriu que, sim, existe o tal país.

Na verdade, foi mais além e instalou-se no lugar, com carteira de identidade e tudo, e começou a operar em poucos meses. Tudo dentro da mais estrita legalidade.

No primeiro “soluço” do câmbio aqui no Brasil, você percebe que se fizer as transações naquele país, você começa a ter margens melhores. Em vez de trazer os resultados para cá, você decide que é mais interessante deixar parte lá fora, seja no país vizinho, seja em outro lugar qualquer. Parabéns! Você acaba de exercitar a antifragilidade.

Diante de um problema local, ficou relativamente mais forte e terá possibilidade de aproveitar uma situação que prejudica outros que não tiveram sua visão.

A divergência está entre que produz e que se apropria de parte do que é produzido.

Um empresário tem que pensar além do óbvio, tem que entender o jogo de interesses e perceber que o antagonismo não está colocado entre empregado e empregador, nem entre o agronegócio e a indústria. A divergência está entre quem produz e quem se apropria de parte do que é produzido.

É seu dever, como empresário, tenha o tamanho que tiver, de proprietário de carrinho de pipoca a mega industrial de siderúrgica, passando por produtor rural e prestador de serviço, pensar em como estar menos suscetível a qualquer decisão estapafúrdia proveniente de um governo qualquer.

Pense e tome atitudes em relação à sua vida. Não espere que o governo tenha a solução porque é ele que gera o problema.

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