Acabou o ano? Só no calendário

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Não se trata de ser pessimista, mas de entender que só se pode colher o que foi plantado e a plantação não foi boa.

2015 está terminando no calendário, mas só nele. Seus efeitos nefastos vão estar presentes no próximo ano, pelo menos.

Li e ouvi o Ricardo Amorim comentando animado que 2016 será “o primeiro dos últimos anos em que os resultados serão melhores que as expectativas”. Com todo o respeito, pura bobagem. Só se trata de uma constatação de que a tendência dos agentes, diante de tantos desapontamentos frente às promessas não cumpridas dos elaboradores da política econômica, é muito mais conservadora atualmente do que foi no passado.

Não, 2016 não será um ano melhor.

Quer uma prova do que estou dizendo? A contração do PIB do Brasil este ano de 2015, que deverá superar 3,6%, só encontra paralelo em 1990, ano do malfadado Plano Collor. Só um detalhe: como você pode verificar no gráfico, em 1989, um ano antes, havia ocorrido um forte crescimento e em 1991, um ano após o cataclismo, ele já voltou a crescer.

Em 2014 tivemos “supostamente” um PIB estagnado nos níveis de 2013 e em 2016, cairemos ainda mais, retrocedendo pelo menos aos níveis de 2010. Esses resultados já estão postos. Podem, é verdade, piorar.

O mundo inteiro está em crise?

Mentira deslavada! Não passa de uma justificativa esfarrapada para o resultado desastroso da economia brasileira, fruto da incompetência e prepotência do pseudo-governo da governanta.

Provas? Vamos a elas: o terceiro trimestre de 2015 nos deixou no ÚLTIMO lugar entre 130 países estudados e que correspondem a “só” 95% da produção industrial do mundo. O estudo foi feito pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization).

A queda vertiginosa foi de 11% no período enquanto na média, o crescimento foi de 2,7%. A notícia foi divulgada entre outros, pelo Jornal Folha de S.Paulo, que tem publicado uma sucessão inacreditável de versões muito pouco verossímeis que procurar minimizar o impacto das atrocidades cometidas pelo executivo federal, o que tem lhe valido o nada lisonjeiro adjetivo de “chapa branca”.

Sabe qual é o problema disso? Uma queda assim desmobiliza o segmento, promove demissão em massa e pelo menos suspende investimentos em curso, afinal, ninguém vai investir sem mercado. Mesmo que, como num passe de mágica tudo se normalize, até voltarem as contratações e a produção se recupere, vai demorar bastante tempo, isso se os agentes não tiverem simplesmente quebrado antes disso.

Evidentemente não poderia ser diferente no comércio, que amargou o pior Natal dos últimos 10 anos, segundo a já mencionada Folha de S.Paulo, além de diversos outros veículos de comunicação.

Alguns sonhadores chegaram a dizer que as vendas pela internet tiveram um aumento considerável, mas depois do que vi ser divulgado na tal Black-Friday, permito-me duvidar de qualquer dado que não possa ser verificado por entidade de respeito.

Mas pelo menos o agronegócio vai bem…

Será?

Até as pedras sabem que o agronegócio, tão mal avaliado pelos esquerdopatas, tem sido a única exceção ao movimento descendente da economia. Seus constantes superávits têm colaborado para que as contas públicas não se degenerem ainda mais.

Pois bem. Acabo de ler um estudo da Scott Consultoria que informa que em Novembro de 2015 o volume de entrega de fertilizantes foi o mais baixo desde 2009!

Bem, se não se comprou, não vai ser aplicado. Sem fertilizante, a probabilidade de redução da produtividade ou da área plantada, é de 100%, embora ainda não seja possível avaliar qual será essa quebra.

Portanto, se tudo der absolutamente certo, se S.Pedro colaborar com todos, se o El Niño der uma folga, se chover no lugar e quantidade certos, se houver dinheiro para financiamento da safra 2016/2017, já sabemos que a colheita será menor. A única possibilidade de evitar a queda na receita no setor seria um aumento do consumo chinês a ponto de influir nos preços das commodities, o que considerando o desempenho daquela economia, está totalmente fora de cogitação.

Não, nem tudo está perdido e 2016 pode ser menos pior do que imaginamos hoje, mas para isso é essencial fazermos uma análise consistente e, acima de tudo, tomar atitudes para enfrentar os problemas. Escondê-los ou desconsiderá-los não nos ajudará em absoluto a sair do buraco.

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