Brasileiro é tão bonzinho!

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

A investida colonialista francesa disfarçada de ambientalismo

Mr. Macron bem que tentou, mas a máscara caiu rápido depois de ter anunciado com estardalhaço um investimento “milionário” para reduzir a dependência da França das soja brasileira. Para economizar o tempo, a única forma possível de chegar a esse objetivo seria que o presidente esquerdinha francês ampliasse a área do seu país em outras latitudes. Mas vamos analisar melhor a bobagem engolida pela “mídia” brasileira.

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Poderia ser brincadeira, fake-news, mas não, o absurdo era mesmo uma notícia e queria fazer acreditar que a França é um importante cliente da soja brasileira e que o simples fato de decidir não comprar, teria terríveis implicações para nós, pobres tupiniquins.

Mas como tudo sempre pode piorar, o mais ridículo foi a tentativa de justificar essa “incrível manobra” como uma tentativa de reprimir o desmatamento porque, como se sabe, a França e o seu presidente, são ambientalistas ferrenhos (junto com suas marcas, algumas das quais, presentes em território nacional).

Qual a importância da França para o mercado da soja brasileira?

Não seria uma pergunta óbvia para quem prentenda publicar uma “notícia”? Parece que não.

Veja só, segundo o MDIC, as exportações de soja para a França caíram 75% em 5 anos (de 339 mil toneladas em 2015 para 83,5 mil – ou seja, uns dois navios… tsc, tsc – até outubro de 2020).

Pode ser que você não esteja habituado com esses números, então vamos contextualizar: em 2015 o Brasil exportou 52,1 MILHÕES de toneladas de soja e em 2020, esse montante foi de 81,4 MILHÕES de toneladas.

A França, portanto, foi o destino de 0,65% da soja brasileira em 2015 e 0,1% em 2020. (deixe aqui sua risada).

A China, que produz algo como 15% de seu consumo, importará 100 milhões de toneladas de soja nesta safra 20/21, de alguma parte do mundo, ou seja, tem como alternativas os EUA, Argentina e Brasil, os únicos com excedente exportável.

Ah, mas o farela de soja, que representa 26% das importações francesas, se eles deixarem de comprar…

Primeiro esclarecimento: não exportamos mais farelo porque usamos aqui mesmo, embora sejamos o terceiro maior produtor mundial. A Argentina que é o 4º maior produtor de farelo de soja, somando 30 milhões de toneladas (atrás de EUA, China e Brasil), é o maior exportador mundial do produto, com um market-share de cerca de 43% do mercado mundial. Isso porque não consomem a sua produção e têm excedente exportável.

O Brasil ampliou as exportações para a França de 1,31 para 1,45 milhão de toneladas entre 2017 até 2020. Vamos colocar em outros termos: a França comprou mais farelo de soja do Brasil. E você acha que o país europeu tem alternativa de fornecimento?

Até mesmo Holanda e Tailândia tem maior importância do que a França como destino de exportações de farelo de soja.

Mas, então, qual é a jogada do Monsieur Macron?

Para ampliar sua área de produção, se não quiser invadir outros territórios (é brincadeira, tá?), a França vai precisar valer-se de seus territórios “além mar”, Guiana no meio, o que é meio “improvável”, para dizer pouco.

Vamos lembrar que a França está na Europa, que tem clima pouco propício ao cultivo dessa oleaginosa.

Os produtores franceses estão entre os mais protegidos do mundo, portanto, produzir lá é caro e ineficiente, mas os rebanhos locais precisam desse insumo. O milho produzido lá já é praticamente todo utilizado em ração animal.

Então essa história de ambientalismo e de redução da “dependência” da soja brasileira, não passam de cortina de fumaça para a necessidade absoluta de ter um fornecedor cativo e, de preferência, com preços muito camaradas.

Vamos lembrar que o “velho mundo” é a origem do movimento conhecido como The Great Reset, promovido pelo World Economic Forum, que pretende difundir a ideia de que o capitalismo está todo errado e que a única solução é redistribuir tudo, evidentemente dando um jeitinho para que os novos recuros fiquem nas mãos de uns poucos iluminados.

Será que o brasileiro continuará a ser tão “bonzinho”, engolindo o que diz a mídia e fazendo as vontades dos colonialistas ou será que, por fim, vai compreender que não é necessário submeter-se a vontades, preços e condições ditados por outros povos?

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