Tor auf! (Abra o portão!)

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Uma história real para evitar que você durma sossegado.

A frase em alemão do título deste texto, cantada por milhares de vozes em uníssono abriu, além dos portões, a maior festa popular que a humanidade já teve a satisfação de presenciar e ocorreu em 9 de novembro de 1989, o dia da queda do “Muro de Berlim”, provavelmente o maior monumento à iniquidade humana.

Nikita Khrushcev, líder do partido comunista da União Soviética, depois de ver fugirem mais de 3 milhões de cidadãos da Alemanha Oriental (conhecida como República “Democrática” da Alemanha), que era regida pelos ditames da URSS, decidiu simplesmente que iria encarcerar toda a população do país, impedindo o seu deslocamento. Determinou, para isso, em 13 de agosto de 1961, o início da construção do que foi chamado por ele de “Antifaschistischer Schutzwall” (“Barreira Antifascista”).

Embora possa parecer uma piada, a palavra “Muro” era proibida e era “Antifascista” para evitar que os “fascistas” entrassem. O resto do mundo conhecia a divisão como “Muro da Vergonha”, mas a propaganda comunista era tão eficaz que a população local acreditava que os nazistas moravam do outro lado do muro e queriam a todo custo invadir a “próspera” Alemanha Oriental.

Naquele inesquecível 9 de novembro, famílias inteiras cruzaram a fronteira livremente depois de quase 30 anos de isolamento. Irmãos se encontrando, cidadãos armados de marretas e picaretas derrubando o que foi o símbolo maior da prova da incapacidade do sistema socialista em prover dignidade às pessoas.

O muro e a eleição

Por que falo disso agora? Porque estamos às vésperas de uma eleição na qual vários candidatos já demonstraram seu apreço pelo autoritarismo.

Minha família passou pelas agruras daquela época, escondendo-se de nazistas e, depois, tentando sobreviver aos comunistas. Parte ficou para trás, os que conseguiram fugir, trocaram de nome, se espalharam pelo mundo e nunca mais se viram.

Para a maior parte dos brasileiros, isso pode parecer meio distante. Para mim, pensar na possibilidade de continuar a ser governado por ditadores travestidos de bons-moços preocupados com o bem-estar da população, é um pesadelo que não consigo deixar de lado quando acordo.

Nós estivemos MUITO PERTO disso e nos livramos, pelo menos temporariamente, desse risco iminente há pouco menos de dois anos, mas os exemplos estão muito vivos.

O que está se passando na Argentina não é suficiente para você entender como se dá o processo? Acha que a Venezuela está muito distante e que tudo aconteceu repentinamente? Não! Os movimentos totalitários começam a usurpar as liberdades individuais aos poucos, sorrateiramente.

Começam colocando-lhe mordaças (às vezes físicas, às vezes intelectuais, impedindo-o de pensar diferente), aumentando-lhe o peso dos tributos, acabando com a liberdade de empreender, com a possibilidade de acesso à justiça, com a propriedade privada.

Sem alternativa, você terá duas opções: a morte ou a escravidão.

Portanto, antes de “brincar de votar” pense muito a respeito da forma como o gestor público se apresentou durante a administração da pandemia, se houve coerência nas decisões, acompanhamento dos resultados, truculência no cumprimento das regras estabelecidas e pense muito bem se você não está dando uma segunda chance a seu algoz.

Cuidado com o seu voto: Você ainda poderá arrepender-se dele. Seus filhos e netos podem não ter sequer como reclamar.

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