Ajuste fiscal: a mentira também chega a MS

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Políticos são mestres em se apropriar de palavras e expressões e emprestar-lhes novos significados. Pois é isso que está acontecendo com a expressão “Ajuste Fiscal”.

Para os desavisados ela tem uma conotação de seriedade, de volta aos trilhos, graças à intensa propaganda petista que conseguiu transformar o segundo mandato da mais inepta figura que já ocupou o posto máximo deste país, numa pretensa “arrumação da bagunça” que, segundo os mesmos, vem de tempos imemoriais e dos desequilíbrios externos, esquecendo-se que já ocupam o assento há mais de 12 anos e que o resto das economias está crescendo.

Mas não pense que a “esperteza” restringe-se ao governo federal. Todas as esferas resolveram se valer da oportunidade para justificar a administração do “remédio amargo” do aumento da carga tributária.

Eu, como vivo em Mato Grosso do Sul, estado administrado pelo PSDB, que supostamente se posiciona contra aumentos de impostos, acompanho mais de perto o que acontece por estas bandas e fiquei assombrado com a atitude dos nobilíssimos deputados estaduais que resolveram aprovar a proposta do governo de aumentar a base de tributação do IPVA, ao reduzir de 20 para 15 anos a faixa de isenção (leia uma matéria a respeito AQUI). A brincadeira acrescentou quase 130 mil veículos aos cofres.

Poderiam existir as mais diversas justificativas para o fato mas, adivinhe só, usaram o famigerado “ajuste fiscal” para explicar a medida.

Votaram a favor da proposta do governo os deputados Barbosinha (PSB), George Takimoto (PDT), Beto Pereira (PDT), Felipe Orro (PDT), Lídio Lopes (PEN), Mário Fernandes (PT do B), Mara Caseiro (PT do B), Paulo Côrrea (PR) e Eduardo Rocha (PMDB).

Ora, se a justificativa foi o “Ajuste Fiscal”, é se supor que as finanças estaduais vão mal, afinal, não seria sem uma boa razão que o executivo decidiria aumentar o peso dos tributos sobre as classes menos favorecidas (você pode não acreditar mas em MS não é comum as pessoas terem carros antigos por hobby. Se os têm é porque não podem comprar novos).

Mas as excelências devem ter se valido de números diferentes dos divulgados pela STN, Secretaria do Tesouro Nacional, que eu acessei e de onde copiei alguns resultados.

Economista tem essa mania de querer que as coisas façam sentido, então, para facilitar, resolvi colocar os últimos dois anos de médias mensais da Receita Líquida Real num gráfico e, pasme, parece que o argumento dos deputados está, digamos, equivocado…

Ao contrário do que os mui dignos representantes alegam, as receitas tributárias só fazem crescer, ao contrário dos salários e dos faturamentos das empresas. A única curva que apresenta crescimento nos últimos meses, é a da inadimplência, naturalmente originada da falta de liquidez das famílias.  

Agora, sinceramente,

  1. alguém acredita que eles não sabiam disso?
  2. Se sabiam, qual a justificativa efetiva para tamanha falta de sensibilidade?
  3. Se não sabiam, por que não perguntaram a quem sabe?

Tenho certeza que esse é somente o primeiro movimento, para saber qual será a reação da sociedade. Se ficarmos calados, eles aumentarão a pressão das longas mãos em nossos bolsos.

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