Acreditar no governo é querer ser enganado

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Normann Kalmus
Economista liberal, Knowledge Manager, Palestrante, Mentor | dinamização e crescimento de empresas + governos no mercado nacional e internacional

Este não é um texto de auto-ajuda, mas tampouco pessimista. Acredito que, no mínimo, quem pretenda aprender alguma coisa na crise, deve entender o seu entorno.

Há poucos dias compartilhei a seguinte citação do Felipe Miranda, da consultoria Empíricus

Desafio: Com base nos dados de segundo trimestre, aponte o culpado para a crise brasileira:
EUA: +3,7%, China: +7%, Reino Unido: +0,7%, Espanha: +1%, Grécia: +0,9%, Brasil: -1,9%” 

Para quem não sabe, Miranda foi o criador da tese “O Fim do Brasil”, apontando para uma hecatombe nas contas públicas e ganhou um processo da então candidata à reeleição, Dilma Roussef.

É interessante analisar a rapidez com que se deterioram as bases da economia brasileira sob o “comando” (sic) aloprado do atual governo, inventando metas sem metas que serão dobradas ao serem atingidas, mas não é este o ponto que pretendo tocar.

Emblemática da situação a que chegamos foi a peça orçamentária para o próximo exercício de 2016 entregue ao Legislativo e que contempla a bagatela de R$30,5 bilhões de déficit. As premissas são: inflação de 5,25% e um crescimento do PIB de 0,2%.

Como não poderia deixar de ser, o Ministro Levy tinha o discurso pronto para justificar a inédita proposta, alegando que essa é uma proposta crível, transparente e viável.

Ok, cara pálida, vamos esquecer todos os três furos anteriores em oito meses e admitir que, agora não estamos tratando de uma profissão de fé. Vamos, então, analisar um pouco melhor os números:

1. A proposta orçamentária não contempla o pagamento de juros. Neste momento, às 23:38 do dia 31 de Agosto, já pagamos neste Anno da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a nada desprezível quantia de R$280,8 Bilhões em juros (segundo o Jurômetro da FIESP). Considerando que o equilíbrio dessa conta se dá com 2% de superávit, é lícito supor que o tamanho da dívida aumentará e, com ela, os juros a serem pagos. Portanto, o rombo já ficou um tanto maior.

2.  A inflação prevista de 5,25% não guarda relação com os operadores de mercado, que a projetam pelo menos a 5,6% e, por fim

3. O PIB crescendo a 0,2%, mesmo considerando a base reduzida em 2,5% que deveremos ter no fechamento do ano, é algo impensável para qualquer um que acompanhe as projeções do mercado. Seus profissionais projetam um resultado de -0,4%… isso mesmo, NEGATIVO DE NOVO.

Bom, evidentemente o orçamento é outra vez uma peça de ficção e se trata de uma tentativa de, desta vez, jogar no colo do Congresso a responsabilidade pela criatividade. 

Provado isso, sabendo de todas as falcatruas que envolvem o governo e suas empresas, bancos, autarquias, agências de regulação e outros penduricalhos, você ainda vai esperar alguma coisa dessa gente?

Das duas uma: ou você é muito burro, ou gosta de ser enganado.

Se você, como eu, não acredita em nada disso e nem espera mais nada do governo além do seu fim, por favor, comece a pensar diferente e vamos retomar o controle de nossas vidas, com governo, sem governo ou apesar do governo.

PS: O downgrade é inevitável, portanto, podemos nos preparar para enfrentar as vicissitudes de um mercado com restrição de crédito internacional.

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